Produtos irregulares têm sido revendidos para diversos órgãos públicos do RS e também para consumidores.
Ministério Público / Divulgação
Nada escapa dos golpistas. Desta vez, as autoridades confirmaram irregularidades na produção de papel higiênico e papel toalha no Rio Grande do Sul. O Departamento de Estado investiga várias fraudes cometidas por um grupo familiar que fabrica produtos de higiene, incluindo problemas com comprimento, largura e quantidade de materiais vendidos a consumidores em supermercados e também em diversos estabelecimentos públicos.
Há casos em que o papel higiênico é 40% menor do que o indicado na embalagem. A investigação aponta que a produção era feita em uma fábrica secreta no litoral norte do estado. O procurador Alcindo Bastos garante que os jornais ilegais foram vendidos a mais de uma centena de entidades públicas através de concursos.
O chamado “Operativo Metro a Metro” cumpriu na manhã de hoje três mandados de prisão cautelar e 16 mandados de busca e apreensão em sete municípios gaúchos: Três Forquilhas, Terra de Areia e Arroio do Sal, no litoral norte; Lajeado e Teutônia no Vale do Taquari; próximo a Gravataí e Porto Alegre na região metropolitana. A ação é coordenada pelo Ministério Público de Defesa do Consumidor e pelo Grupo Especial de Atuação no Combate ao Crime Organizado (Gaeco).
Marcas Empresas
As marcas de papel higiênico que apresentaram irregularidades são Luxor, Azaléia e Alphes, todas rejeitadas por problemas de comprimento e largura dos produtos vendidos para diversos municípios. Por exemplo, em Torres e na Fazenda Vila Nova houve licitação para fornecimento a órgãos públicos e os papéis chegaram a ser 40% menores do que constava na embalagem.
As empresas examinadas são R.B. Porto & Cia. Limitado.; SB Postage & Co. Limited.; Carteira Brasil Indústria e Comércio Ltda.; Fralmax Fraldas Indústria e Comércio GmbH; R. Brehm Porto – ME e Avelina Brehm Porto – ME, todas de propriedade de membros da mesma família. Rondpel Indústria e Comércio de Papel Ltda.; Schuza Atacadista y Distribuidora Ltda.; Elivi Comercial Ltda. e Fortpel Comércio de Descartáveis Ltda também foram alertados hoje sobre o cumprimento de mandados, mas garantiram que não fazem parte do sistema.
Empresa extinta com outro nome de empresa
Algumas das empresas não existem nas moradas indicadas nos autos, têm denominação social para outra atividade e outras estão mesmo juridicamente extintas, mas continuam responsáveis pela produção e participação em concursos.
A empresa Avelina Brehm da Silva Porto – ME, produtora de Azaléia, é uma empresa varejista, i. H. Supermercado constituído e falido desde 2003.Portopel do Brasil Indústria e Comércio Ltda. A sociedade tem por objeto social, entre outros, o transporte rodoviário de mercadorias, transporte terrestre, representação comercial.
Investigação
As investigações revelaram que papel higiênico, fraldas e absorventes higiênicos são fabricados em uma fábrica secreta em Três Forquilhas, que também opera um depósito não autorizado. O local já foi alvo de ação do MP por atividades sem licença ambiental e sem qualquer tipo de alvará. Houve até uma ordem judicial.
Contrapontos
A empresa Fortpel, de Porto Alegre, negou fazer parte do mesmo grupo familiar, conforme inicialmente revelado pelo MP, e alegou não fazer parte do esquema investigado. Ressaltou ainda que só comprou papel da fábrica objeto das denúncias.No entanto, devido a problemas com os materiais, a continuidade da relação comercial foi interrompida.
A empresa Elvi de Lajeado confirmou a visita do MP hoje, mas negou qualquer irregularidade, alegando que nenhum problema foi identificado e nada foi apreendido. Ele também informou que fez uma única compra na fábrica investigada e interrompeu todas as atividades ao perceber atitudes suspeitas.
A empresa Schuza, de Teutônia, anunciou que não se manifestaria amanhã de manhã e aguardaria um contraponto do judiciário.
A empresa Rondpel no litoral disse ao repórter que não iria se manifestar.
A Rede Unimax, distribuidora de produtos Portobel, afirmou em nota que não está envolvida no caso: “Em respeito aos consumidores e associados informados que a Rede Unimax possui um contrato de fornecimento exclusivo de produtos da marca própria com a empresa Portopel do Brasil Indústria e Comércio Ltda citada nas investigações, assegura-se que a responsabilidade da qualidade dos produtos, as respectivas embalagens e peso são da empresa Portopel. Ainda informamos que neste mesmo contrato a empresa Portopel declara que os produtos não violam as normas relativas ao direito do consumidor, a saúde pública, bem como as normas emitidas pela secretária da saúde, INMETRO, PROCON, IBAMA e a qualquer órgão federal, estadual ou municipal. Estamos tomando as devidas providências para o esclarecimento dos fatos apurados, e no momento estamos suspendendo as vendas do produto.”
As outras empresas, que segundo o deputado pertencem ao mesmo grupo familiar, têm praticamente os mesmos números de telefone. Dois não existem, um mudou de mãos e o outro, a ligação está tocando até cair. Há também um celular, mas está na caixa postal e o repórter deixou recado para contraponto.
Além disso, duas dessas seis empresas levam o nome de outras empresas sediadas no Estado de São Paulo. Portopel de São Caetano do Sul e Fralmax de Piracicaba.Os dois afirmaram não ter filial no estado do Rio Grande do Sul e que não eram parentes do grupo familiar identificado. A Portopel também destacou que recebe diariamente ligações do Rio Grande do Sul com informações e até cobranças. Em todos os casos, ele explica que não há ligação entre as empresas.